Um novo tipo de colonialismo avassala o mundo, com os ricos a tomarem posse de terras em países pobres e famintos para produzirem alimentos de que necessitam em troca de alegados empregos e investimentos em infraestruturas, escreve o The Independent, de Domingo, 9 de Agosto. Tudo através de acordos secretos com os governos locais. A multinacional sul-coreana Daewoo, que adquiriu meia Bélgica no Madagascar, é apenas uma de 100 casos que aconteceram nestes últimos 12 meses. A situação é tão grave que Jacques Diouf, da FAO, já alertou os líderes mundiais para este sistema neocolonislista. É que países do Golfo como a Arábia Saudita, o Bahrain, o Kuwait, Oman e Qatar não páram de adquirir terras no Brasil, na Rússia, no Casaquistão, na Ucrânia, no Egipto, na Etiópia, nos Camarões, no Uganda, na Zâmbia e no Cambodja. A China, a Coreiado Sul e a Índia têm comprado terras na Etiópia e no Quénia. Empresas britânicas, americanas e alemãs como a Flora Ecopower compraram terras na Tanzania e na Etiópia para produzirem biocombustíveis. Uma empresa norieguesa arroga-se o direito de abater enormes manchas florestais no Gana para cultivar jatrofa como biocombustível. E que dizer do acordo entre Moçambique e a China, que envolve o povoamento de 10.000 chineses em troca de ajuda militar.
Imagine que a China, após negociações com um governo português ávido de dinheiro para cobrir a crise, comprava o Alentejo e colonizava-o com trabalhadores chineses, transformando o território num imenso campo de arroz e que enviava toda essa produção de arroz, durante 100 anos, para a China. Imagine que os portugueses, os media, de nada sabiam, que se contentavam com alegadas promessas de melhoramentos em estradas e empregos. Como se sentiria? Que dirão opinadores como António Vitorino, Luís Delgado, Pacheco Pereira, Miguel Sousa Tavares e quejandos?