"Corram-nos à pedrada, a sério. Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada. Eu estou a medir muito bem aquilo que digo. Nós queremos gente que vá ajudar as freguesias, não queremos gente que obstaculize o seu desenvolvimento. Esses senhores, que na maioria dos casos aparecem para multar as juntas de freguesia, que tenham a dignidade de primeiro avisar os autarcas locais. É uma questão de respeito por quem foi eleito pelo povo."
Foi assim que o presidente da Câmara de Viseu e da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Fernando Ruas, desafiou a população do concelho a tratar os funcionários do Ministério do Ambiente que fiscalizam e multam obras feitas pelas juntas de freguesia.
Já no ONDAS de 21 de Novembro de 2004 tínhamos feito referência a críticas de Fernando Ruas à “febre de coimar” dos fiscais do ministério do Ambiente. Ano e meio passado, persiste o problema, carece a solução. Este país, que fez o 25 de Abril, abriu novos mundos ao mundo e produziu escritores de renome, arrisca-se a cair, com atitudes destas, no caos. Tal como o treinador de futebol que culpabiliza o árbitro pela atribuição de cartão vermelho a jogador indisciplinado e violento não branqueia a indisciplina e a violência do jogador, também a atitude do presidente da ANMP não branqueia a ilegalidade cometida pela Junta de Freguesia. Tentar sacudir a culpa acusando fiscais ambientais de desigualdade de critérios, má vontade ou excesso de zelo em relação a ilegalidades cometidas por Juntas e por fecharem os olhos a ilegalidades cometidas por cidadãos anónimos é persistir no problema e adiar a solução. Persistir no problema de não assumir responsabilidades e atribuir a culpa do insucesso a terceiros. Adiar o problema cuja solução não se compadece com a política do "coitadinho" ou do “dar-se bem com todos”. Vir depois tentar disfarçar e apagar a má imagem criada, alegando que o “corram-nos à pedrada” é uma figura de estilo, não é senão uma atrapalhada saída de sendeiro após arrogante entrada de leão.